SEJA BEM VINDO


quarta-feira, 1 de setembro de 2010

PAPO DO GUERREIRO - FIM DO JB

Hoje, como de hábito, dando uma paquerada no blog "Bastidores" do meu amigo e irmão Sérgio Guimarães me deparei com a sua colocação sobre o fim da versão impressa do Jornal do Brasil. Um dos grande nomes do  jornalismo esportivo pertencia ao Jornal do Brasil, Oldemário Touquinhó, já falecido.
Assim como para o meu amigo, Oldemário, também foi para mim uma referência, um exemplo.
Vou reproduzir, fielmente, tenho certeza que com a concordânica do Sérgio, o que o mesmo escreveu sobre o fato.

O MEU MESTRE COM CERTEZA DEVE ESTAR CHORANDO
Hoje é um dia muito triste para quem é jornalista esportivo, o fim de um dos jornais mais importantes do Brasil, a edição impressa do O Jornal do Brasil. Para quem vive a profissão tão intensamente como eu vivo, lamento profundamente o fato, e tenho certeza que um dos meus mestres, o jornalista já falecido, Oldemário Touguinhó deve estar chorando.

Abaixo quem foi o meu mestre:
O jornalista que vivia a notícia 24 horas por dia", copyright Jornal do Brasil, 21/1/03


"No Hospital São Vicente de Paulo, Tijuca, onde estava havia 10 dias, morreu ontem, ao meio-dia, com 68 anos, o jornalista Oldemário Vieira Touguinhó.
- Com a morte do Touguinhó, o jornalismo brasileiro perdeu uma grande personalidade, tanto como profissional como figura humana - disse o também jornalista Carlos Lemos, o mesmo que em fins de 1958 o trouxe para o Jornal do Brasil, onde era editor de Esportes. - Foi o melhor repórter que já vi em toda a minha vida, cobria não apenas esportes como qualquer evento que surgisse no seu caminho.
Versátil - Com a mesma facilidade e competência com que cobria um jogo de futebol, Oldemário Touguinhó sabia apurar e descrever o lançamento de um foguete no Cabo Canaveral. Em 1960 cobriu com brilho a inauguração de Brasília. E em 1968 estava no México cobrindo os preparativos dos Jogos Olímpicos. De repente os estudantes saem à rua da capital para protestar contra a realização dos jogos. A polícia entra em choque e as balas não paravam, foram mais de 100 os mortos. Oldemário viu e apurou tudo dando aos leitores um relato do mais pungente realismo.
Quatro anos depois, nas Olimpíadas de Munique, novamente Oldemário mostra sua versatilidade ao descrever o atentado dos palestinos à delegação israelense. Foi o único repórter a entrar na Vila Olímpica onde estavam os israelenses. Vestiu um uniforme de atleta e ninguém lhe barrou o caminho. Correu pelos corredores do subterrâneo.
Sem férias - Nos 41 anos em que trabalhou no JB, Oldemário foi, acima de tudo e só, repórter. Não tinha hora de sair nem nunca tirou férias. Dizia que não as tirava porque as três coisas de que mais gostava eram a família, o jornalismo e o Rio de Janeiro.
Cobriu 10 Copas - desde a do Chile, em 1962, até a da França, em 1998 - além de várias Olimpíadas. Do alto da sua experiência, escreveu dois livros: As Copas que eu vi e Maracanã.
Entre os diversos prêmios, dois Essos. Presidiu duas vezes a Associação dos Cronistas Esportivos do Rio. Viajou muito. Quase não havia país para onde não tivesse se deslocado no desempenho da profissão. E por onde passou deixava amigos, tão agradável era sua conversação e tão prestativo ele se mostrava.
Era um obcecado pelo trabalho. Em cada jornada, bastavam-lhe cinco ou seis horas para descansar. Quando já tinha rodado o jornal e voltara para casa, muitas vezes um último telefonema para as suas fontes o obrigava a retornar e fazer nova edição só para manter os leitores bem informados.
Nada o dispensava do dever de informar. Mesmo quando foi pauteiro ou editor, nunca deixou de escrever. E ninguém como ele dominava o assunto bola. Fosse um jogo decisivo do campeonato nacional ou um treino de rotina do seu Botafogo, tendo, porém o cuidado de não deixar perceber sua torcida. Lendo-o, ninguém desconfiava que foi um botafoguense exemplar. Sabia ser imparcial na hora de analisar a atuação dos jogadores. Com razão, todos eles, mesmo os maiores craques, tinham por Touguinhó a maior admiração. Alguns se tornaram até fiéis amigos.
Furos - Foi o caso de Pelé, que fez questão de comunicar ao mundo seu primeiro casamento através do amigo Touguinhó. Outro furo histórico foi à notícia da convocação de Romário, por Zagallo, num dia em que todos os jornais do país afirmavam o contrário. Ao chegar à redação, Oldemário foi aplaudido de pé pelos colegas.
Nem admira que ontem, ao saber da sua morte, o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, logo começasse a pensar na maneira de homenageá-lo. ''Touguinhó era o repórter com a cara da Seleção Brasileira'', proclamou.
O verdadeiro - Oldemário Touguinhó nasceu em Campos, em 8/11/34, filho de Mário Gomes Touguinhó e Oldema Vieira Touguinhó. Seu pai era dono de um açougue, mas os negócios não iam bem. Mudou-se para o Rio e montou uma quitanda na Lapa, quando Oldemário tinha cinco anos. Filho único, Oldemário nem por isso foi poupado. Morava no Catumbi e ali aprendeu as primeiras letras, na Escola Municipal Estados Unidos. O secundário pôde fazê-lo no Colégio Vera Cruz, na Tijuca. Mas logo aprendeu também o preço da vida de uma família mal remediada. Nas férias e mesmo nas horas vagas ia para a quitanda ajudar a vender banana, laranja e verduras.
Mas de uma coisa o garoto e depois jovem Oldemário não abria mão: a bola, que jogava na rua com os amigos, e a leitura de jornais e de tudo que lhe falasse de futebol. Sem destino ainda, ele já fazia seu arquivo de recortes e fotos de seus ídolos. Foi então que seu vizinho de porta, o fotógrafo do JB, Antônio Andrade, falou dele, uma e muitas vezes ao editor de Esportes, Carlos Lemos. Assim entrou para o jornal de onde nunca mais sairia. Soube conquistar logo a confiança e amizade não só de chefes e simples colegas, mas dos próprios diretores. Convidada para madrinha de casamento (setembro/1966), a condessa Pereira Carneiro não só disse sim como fez questão de colaborar generosamente para o brilho da festa. Como generoso seria sempre seu afilhado para com a empresa, dando-lhe o melhor de si. Generoso seria também para com os colegas de trabalho e amigos, que não tinham conta.
O samba - Além do futebol, Oldemário tinha outra paixão: o samba. Não perdia um desfile das escolas do Grupo Especial. Que o diga sua escola favorita: a Mangueira. Em público nunca vestiu sua camisa do Botafogo. Mas, na passarela, só ia com a verde-e-rosa.
Como bom campista, Oldemário era homem também de profundos sentimentos cristãos, mas não dado a crenças fatalistas. No entanto, foi também num dia 20 de janeiro que há 20 anos morreu Mané Garrincha, seu grande amigo. E, quando, nos últimos tempos, o jogador que tinha pernas tortas bebia além da conta e passava mal, era para Oldemário que os amigos ligavam pedindo providências, o que ele nunca deixou de atender. Foi ainda Touguinhó um dos organizadores do Jogo da Gratidão com que, em setembro de 1973, os amigos de Garrincha promoveram uma partida de futebol no estádio do Maracanã para ajudar as finanças do jogador.
Era casado com Georgina (dona Gina) Martins Touguinhó - a quem conheceu no Clube Caçadores, no Catumbi - e tinha duas filhas - Hilda, empresária de uma academia de ginástica, e Sandra, professora - e quatro netos.

VALEU SÉRGIO. PARABÉNS AMIGO. FAÇO MINHAS, AS SUAS PALAVRAS.

Nenhum comentário:

Postar um comentário